“Cada coração tem o seu próprio falar, a sua forma secreta de sentir.”
By Ricardo Antunes
In Onde está o branco em ti?
Cada coração fala uma língua própria, num sussurro inaudível entre tantos. Um murmúrio quase imperceptível na imensidão de corações perdidos na tormenta da vida, na busca de algo que os preencha.
Também o meu coração deambulava sem sentido, procurando algo que não sabia ser o quê, murmurando súplicas indefinidas, que eu própria não entendia.
De alguma forma incompreensível para mim, um dia chegaste e escutaste-o.
Distinguiste-o entre os outros. Entendeste-o. Compreendeste o seu falar e com o tempo habituaste-te ao seu jeito estranho de sentir.
Com calma contaste cada palpitar e num instante sincronizaste as tuas pulsações; os dois compassados, bateram como um só.
O teu falar fundiu-se com o meu falar, sem que houvesse palavras. A compreensão veio nos silêncios, nos momentos em que os nossos olhares se cruzam, em que a nossa pele se toca, levemente.
E juntos somos dois corações perdidos entre todos os outros, o que ninguém sabe é que não somos mais incompreendidos e que o que procurávamos já o encontrámos um no outro.